Atravessei aquela manhã de inverno como num sonho
o nevoeiro intenso
a grama úmida derretendo geada sob os pés
o silêncio quase absoluto
quase a b s o l u t o
Um cachorro enrosquilhado dormindo na varanda de uma casa
a fumaça saindo de uma chaminé
e do focinho do cachorro dormindo
como o sono querendo sair de mim
absolutamente sem nenhuma pressa
s e m p r e s s a
Um cavalo solitário pasta tristemente
não sei se realmente está triste ou se sou eu
que o vejo assim
Talvez seja um cavalo feliz vendo a mim
que caminha tristemente
querendo acordar de um sonho
onde há um cavalo que pasta
simplesmente
Como a humanidade caminha
sob o nevoeiro do horizonte invisível
sem saber exatamente o que virá pela frente
eu fui
f u i . . .
Permaneci naquela manhã como numa pintura
pinceladas frias de branco cinza desesperança
de um pintor desconhecido
Não se sabe quanto vale o quadro
pendurado
em um prego enferrujado
na parede suja de uma casa pobre
de um peão solitário
acumulando segundos
dias
e mofo
Eu
o cachorro
o cavalo
a fumaça da chaminé
congelados
pela frio
pelo tempo
pela tinta
O peão não sabe
se o quadro é triste
porque o pintor assim o quis
ou se é ele que assim o vê
e sente
enquanto toma café
e tenta acordar do sono
em uma manhã de inverno
Lá fora
seu cavalo
pasta
provavelmente
Foda-se sempre foi mais ou menos como uma filosofia de vida. Algo como: de onde vim, para onde vou? Resposta: "foda-se!" Tenho que enfrentar o mundo, a sociedade e ainda uma banca com cinco doutores? Penso: "foda-se!" E daí vou indo.
Banalidades, aleatoriedades, inutilidades, letras de música que não viraram música e alguma poesia
segunda-feira, 19 de junho de 2017
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