"O silêncio na história e na política é do mesmo tipo. É indicativo de alguma desgraça e, frequentemente, de um crime. É um instrumento tão político quanto o som de armas se entrechocando ou um discurso num comício. O silêncio é indispensável a tiranos e opressores, que se esforçam para que seus atos sejam feitos pelas caladas. [...]
Seria interessante se alguém pesquisasse até que ponto os sistemas mundiais de comunicação trabalham a serviço da informação e até que ponto a serviço do silêncio e do amordaçamento. Há mais do que é dito ou do que não é dito? É possível calcular o número de pessoas que trabalham no mundo da propaganda. E se calculássemos o número dos que se dedicam ao ramo da manutenção do silêncio? Qual dos dois seria maior?"
Ryszard Kapuściński (1932-2007) jornalista e escritor polonês. O "maior repórter do mundo", segundo alguns. Este trecho foi retirado de A guerra do futebol: e outros relatos. Companhia das Letras, 2008.
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