Banalidades, aleatoriedades, inutilidades, letras de música que não viraram música e alguma poesia

sábado, 21 de março de 2015

Pré-história

Da chama inaugural do fogo humano. Pedra contra pedra. Faísca. Agrotóxicos. Fumo. A chama industrial do meu isqueiro. Fogo. Câncer. Formas de tratamento ultramodernas que não impedem. A morte. Máquinas trabalham para salvar a vida que elas não têm. Chegaríamos aqui sem elas. Mas elas nos trouxeram mais rápido. E não deixarão que partamos tão cedo. Sem sofrimento. Charles Chaplin foi comido por uma num filme. Me preocupo com a vida útil da minha TV de plasma 32 polegadas. Chegamos ao tempo em que. Nosso tempo é determinado pelo relógio. A fumaça do meu cigarro procura uma fresta. Uma fuga. Eu também. O liquidificador adora fazer barulho. Os elétrons que o movem produzem uma bela desintegração do DNA do abacaxi. Me poupam do esforço de misturar tudo com Castelhana e açúcar. O trabalho de apertar o botão. Regular a velocidade. Beber. Ver o mundo pela tecnologia dos óculos. Há muito que ver. Muito que fazer. Tenho uma batedeira elétrica. Uma máquina de lavar sonhos de 1000 watts. Uma pedra de estimação. Um notebook que me conecta com tudo. Em tempo virtual. Preciso de uma calça nova e de uma obturação. Dentes novos são muito caros e dependem da inflação. Também preciso de um fazedor de amanhecer. De um despertador para acordar. Na hora determinada. Automaticamente acordar. Enquanto isso. Espero uma mensagem. Uma ligação. Uma salvação. O telefone permanece quieto. Coitado. Não sabe o que é amor. Vou jogá-lo na parede mais tarde. Mas ele não sabe. Tenho pena dele. Ignora sua própria desfunçãoAssim como eu. Deu.



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