Da
chama inaugural do fogo humano. Pedra contra pedra. Faísca. Agrotóxicos. Fumo.
A chama industrial do meu isqueiro. Fogo. Câncer. Formas de tratamento
ultramodernas que não impedem. A morte. Máquinas trabalham para salvar a vida
que elas não têm. Chegaríamos aqui sem elas. Mas elas nos trouxeram mais
rápido. E não deixarão que partamos tão cedo. Sem sofrimento. Charles Chaplin
foi comido por uma num filme. Me preocupo com a vida útil da minha TV de plasma
32 polegadas. Chegamos ao tempo em que. Nosso tempo é determinado pelo relógio.
A fumaça do meu cigarro procura uma fresta. Uma fuga. Eu também. O
liquidificador adora fazer barulho. Os elétrons que o movem produzem uma bela
desintegração do DNA do abacaxi. Me poupam do esforço de misturar tudo com
Castelhana e açúcar. O trabalho de apertar o botão. Regular a
velocidade. Beber. Ver o mundo pela tecnologia dos óculos. Há muito que ver.
Muito que fazer. Tenho uma batedeira elétrica. Uma máquina de lavar sonhos de
1000 watts. Uma pedra de estimação. Um notebook que me conecta com tudo. Em
tempo virtual. Preciso de uma calça nova e de uma obturação. Dentes novos são
muito caros e dependem da inflação. Também preciso de um fazedor de amanhecer. De
um despertador para acordar. Na hora determinada. Automaticamente acordar. Enquanto
isso. Espero uma mensagem. Uma ligação. Uma salvação. O telefone permanece quieto.
Coitado. Não sabe o que é amor. Vou jogá-lo na parede mais tarde. Mas ele não
sabe. Tenho pena dele. Ignora sua própria desfunção.
Assim
como eu. Deu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário