Banalidades, aleatoriedades, inutilidades, letras de música que não viraram música e alguma poesia

terça-feira, 28 de maio de 2013

Sobre as impossibilidades da Geografia



Amores antigos são
como velhas estradas
esburacadas e abandonadas
que eu sei,
você sabe,
permanecem lá.

Destinos trocados,
sinais errados,
o preço do pedágio
que ninguém mais quer pagar.

Mas eu sei, 
você sabe,
um pouco de nós
permanece lá.

A Geografia não explica
nem há de explicar:
antes uma linha reta numa planície
ladeada pela sombra de mil árvores
e perfumada pelo perfume de mil flores.

Agora obstáculos intransponíveis:
pontes arruinadas,
tortuosos caminhos
riscados do mapa,
cobertos pelo pó
da memória.

Há novos caminhos 
para quem quer ir à cidade Paraíso.

Em noites de lua cheia
ainda costumo andar por lá.
Mastigando as vísceras da solidão
como um chiclete de dez centavos.

Sinto o vento na cara,
aspiro o aroma de mil flores mortas e
acelero.

Acelero a 200 km/h
num velho e enferrujado
Cadillac vermelho conversível caindo aos pedaços
cheio de corações e 
pedaços de corpos ensanguentados
no porta-malas.

Deixo suspenso no ar
um rastro de poeira
prateada pelo luar
de mil luas.




Um comentário:

  1. Bah, é o que eu tenho a dizer...
    Poderia tentar fazer uma análise desse teu poema (essa minha tendência de analisar tudo), mas para que matar ele assim né?! Senti ele, como era para ser, suspirei fundo e o máximo que pude dizer foi "bah..."
    Queria ter entendido e sentido menos ele.

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