Quando um bar fecha suas portas
definitivamente
é como se uma igreja gótica medieval
ruísse do dia para a noite.
Ficamos procurando
perplexos
nos escombros
bolas de sinuca e cartas de pôquer,
carteiras de cigarro,
fuga, refúgio,
amigos, abrigo,
carteiras de cigarro,
fuga, refúgio,
amigos, abrigo,
restos das noites de sexta,
dos jogos de futebol na TV,
das ressacas benditas,
das filosofias, baratas,
das filosofias, baratas,
das conversas jogadas fora
nas madrugadas quase infinitas
do santo templo.
É como se tudo isso nunca mais fosse existir:
tudo que um dia tínhamos como verdadeiro e eterno,
dissolve-se tal qual pedras de gelo num copo de uísque
num dia de verão.
Subitamente, sem referência,
ficamos assim meio perdidos,
vazios como garrafas sem bebida,
plebeus sem água benta nem comunhão.
Quando o luto termina
(quanto tempo levará?),
não nos resta outra coisa a fazer
senão reerguer dos cacos
um novo velho bar.
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